17 julho 2005

golpes


Tenho andado distraído. Acontece quando nos cansamos do mundo e escondemos o sentir nas folhas de um livro, numa melodia suave, ou nas paisagens que nos ensinam a serenidade do existir.
Mas o ruído é inevitável, e chega a qualquer, mesmo que ausente.
Chegou-me, em sussurros, a vontade dos senhores polícias, força militarizada deste pequeno país, longe dos atropelos latino americanos ou latino africanos de cortarem os acessos à cidade. Não interessa qual, fosse onde fosse, os senhores polícias, numa atitude de protesto bloqueavam o bom funcionamento da ordem pública, essência de sua existência.
Eu dou um nome a isto, “tentativa de golpe de estado latino-português”.
Haja paciência, senhores polícias, não entendem que com este tipo de atitudes só dão razão a quem acha ilegítimo estarem sindicalizados?

10 julho 2005

motivações

“quanto mais se falar de crise pior será” Jorge Sampaio, in " Jornal Público,10 de Julho de 2005"


Caro presidente,

Sei que li em jornal.
Quando se lê jornal, mesmo entre “áspas” o que se disse e escreveu em nome de outro, está na maior parte das vezes fora do contexto. Mas sei e saberá melhor, Vossa Excelência que nós, os que lemos jornais temos a mandriice de ler os títulos e com algum esforço aventuramo-nos nos três, quatro primeiros parágrafos da notícia. Assim há que ter cuidado quando dizemos coisas ao Povo ( os que ouvem o que Vossas Eminências dizem).
Das duas uma, ou não há crise e é absurdo falar dela, ou existe e deve falar-se alto e a bom som, ou melhor deve-se debater a melhor forma de acabar com ela.
O silêncio é coisa doente que induz a inacção.
Esconder o que está desarrumado é cousa vergonhosa que não resolve o problema, nem arruma a casa.
Caro Presidente, se quer que nós, Povo, arregacemos as mangas tem que encontrar forma outra de nos motivar. Não é sussurrando nas nossas costas que resolverá o problema, não é encobrindo e escolhendo caminhos escondido nas elites cansadas que nos vai motivar e entusiasmar para darmos volta ao assunto. Não vale a pena olhar a História e pensar “ sempre soubemos dar a volta nos piores momentos…” é verdade, sempre o soubemos, mas tínhamos quem nos dissesse, é por ali, eu vou por ali, Venham!
Diga Senhor presidente!
Diga!

07 julho 2005

a indiferença dos homens que se julgam Deus


Tu que matas, animal,
tu que não tens nome e és besta.
Pára!
Olha-te!
Liberta-te dessa pele que vestes de verme e aprende a sentir a cor da brisa,
o afecto de um abraço…
Tu que é sanguessuga de ti,
e que te julgas Deus, aprende a doçura de um sorriso, de um riso de criança.
Tu que te chafurdas na dor,
aprende a sentir o beijo da cor.
Pára!
Dilacera-te desse fel, dessa tua prisão animal e renasce Homem , queima a indiferença que te mata e sente o calor de um corpo que te ama.
Tu que não tens nome,
Vê!
Só vendo tocas o teu Deus, cego não o encontras...
Vomita esse ódio, que te vegeta-homem-podre e Renasce!
A ti que matas com indiferença, grito-te sem voz, Liberta-te!

05 julho 2005

caracteristicas, ou como é facil cair num círculo vicioso


Onosso(*) pessimismo advém da nossa (*) falta de coragem para ousar...
(*)extrapolação abusiva para o meu próprio pessimismo, mas é sempre mais confortável imergirmos na multidão quando não gostamos do reflexo que se desenha do outro lado do espelho, afinal a desresponsabilização individual para o colectivo não deixa de ser outra característica nossa (*)