26 junho 2005

outra carta...estou a ficar preocupado, será que virei cartista?


Caro Campos e Cunha,

Desculpa tratar-te assim, com o à vontade e o Tu com que se tratam as pessoas que se gostam. Não me conheces, é verdade e eu só te conheço pelo que vais fazendo. Certo também é que és meu patrão ( palavra estranha esta, nos tempos que correm, digamos que é a quem em ultima instancia tenho o dever e a obrigação de dar conta do que faço enquanto estiver à frente de um serviço ou empresa titulada pela Fazenda Publica). Pois é. Sou Gestor de uma empresa publica, precisando, que gosto de transparências, sou gestor que trabalhava em empresa privada e que teve a honra de ser convidado pelo Estado para gerir a causa publica, numa empresa que não se sabe muito bem porque existe e para que existe. Como estava meio depressivo, aceitei. Gosto de desafios e de novas motivações e cá estou sem queixas de maior, mas cada vez mais convicto que esta empresa, Nossa, não está cá a fazer nada.
Vamos ao motivo. Da carta. Desta, que o teu tempo é precioso, o meu também, mas hoje é Domingo, tenho algum para desbaratar em conversa sincera, mesmo que esteja a trabalhar em dia de descanso que empresa, mesmo esta não pode parar ( empresa não é invenção de Deus, mas de homem, por isso não tem direito ao 7º dia)
Quando ouvi as notícias das novas directivas sobre empresas púbicas, tive reacção, intima, sussurrada do íntimo para o intimo e disse: Porra! Foram-me ao bolso!(Eu limitei-me ao PORRA, agora tenta imaginar o que a minha mulher vai dizer…) Lá se foi o carro, que oferecem para que tratem bem o corpóreo da empresa, porque todos sabemos que se não for nosso, não à revisões, nem lavagens, nem cuidados com a viatura, Lá se foi o prémio de produtividade, que nas privadas só se dá a quem ultrapassa os objectivos ( porque cumpri-los é obrigação e não dá direito a prémios, só a férias e quando dá jeito à estratégia da empresa), mas aqui dá-se sempre, dá jeito e na verdade o dinheiro não é nosso, outros o gastariam, que seja prémio que anima e produz cumplicidades, Lá se foi o subsidio de reintegração , coisa estranha mas em voga. Quando nos convidam, pressupõe-se que seja pelas qualidades técnicas, pela capacidade de cumprir objectivos, quando se despensa, coitado do rapaz vai ficar aí caído a um canto sem emprego nem objectivos, vamos lá ajudar o rapaz com um subsidiozito, assim fica cúmplice e não fala muito…
Já percebeste o meu Porra, assim por baixo de uma assentada senti voar do meu bolso 150.000 euros.
Depois serenei pois afinal, quem estava a ir ao teu/Nosso bolso era eu, tu só disseste Porra, JÁ CHEGA!
Bem hajas!
Um abraço

2 Comments:

Blogger musalia said...

ou será antes, um desejo frustrado de teres sido carteiro ;)?
beijinhos.

29 junho, 2005 14:44  
Blogger francisco artur da silva said...

ou seria carteirista?
arte é arte seja qual for!

29 junho, 2005 15:08  

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